Meus irmãos de sangue me perdoem, para vocês não é necessário falar do grau de amor e cumplicidade que nos une. Toda a nossa vida foi cercada de afeto, ajuda mútua e  lealdade aos deveres de irmãos. Não por obrigação, mas por amor incondicional aos nossos laços familiares.
Mas há outros irmãos que fui ganhando pela vida, pelos lugares por onde passei, com os quais convivi no ambiente de trabalho, nas ações sociais, na roda de amigos ou por simplesmente sermos vizinhos e descobrirmos certa afinidade.
Pessoas que pensam como eu ou discordam de mim, que respeitam o que faço mesmo contrariando as suas próprias ideias.  Pessoas que me aceitam como eu sou, assim. Pessoas meigas, afetivas, sérias, brincalhonas, centradas, doces e amigas. Algumas mais jovens, outras com mais experiência e alguns anos mais de idade.
Poderia citar alguns nomes, mas seria injusta,  caso esqueça de algum que me é muito caro como amigo, comparsa de qualquer hora, em qualquer necessidade ou companheiro de momentos de lazer e de alegrias.
O álbum de figurinhas está completo, a coleção é seleta. Penso em cada rosto que me traz o filme da minha vida. Toco  em cada memória, afago cada história vivida. O olhar de apoio, as palavras de consolação ou incentivo, os ensinamentos sem cobrança, o toque no momento da dor, o sorriso parceiro no momento da vitória, a gratidão no abraço fraterno, a correção no momento certo.  Não dá para fazer trocas, todas são figurinhas carimbadas.
Sei exatamente quem vai me ligar, quem fará comentários nas minhas postagens, quem vai aparecer de surpresa nas tardes de domingo. Quem terá o prazer de simplesmente sentar e conversar por algumas horas, sem pressa, sem receios, sem medo de perder a confiabilidade. Simplesmente falar e ouvir, sem censura e sem necessidade de aceitação. Troca amiga, fraterna, de almas que se completam e se eternizam.
Sou grata por essa coleção. Penso que juntos somos mais , nos completamos, deixamos parte da nossa incompletude para nos aproximarmos do final de um álbum de uma vida toda!