Estela M Oliveira
Sou o lavrador, a semente e o adubo, sou a flor e o fruto da Cidade Sinfonia!
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Textos
Morada dos pássaros
      O meu acordar é sempre  com o cantar alegre dos pássaros. É um misto de tantos acordes que é preciso afinar os ouvidos para identificar cada um deles em meio às árvores, no telhado, ao longe na mata. Chamam atenção e causam fascinação. Assim que gosto de tê-los por perto. Soltos, livres e felizes, assim como eu também gosto de viver.
       As primeiras luzes da manhã explodem junto com o canto mavioso e inconfundível dos canários, canto forte e estalado. No período do acasalamento o canto fica mais suave,  e os casaizinhos são vistos construindo novos ninhos. Aos bandos, amarelam o terreiro. Machos, fêmeas e filhotes acostumam-se aos comedouros e à quirerinha de milho que tanto apreciam,  numa algazarra juntam-se a outras espécies.
         Os bem-te-vis se mostram,  os sanhaços colorem de azul o mamoeiro. Dezenas de rolinhas se satisfazem com os farelos que caem ao chão, desconfiadas, levantam suas asas para mostrar que são fortes e podem afugentar os concorrentes. O tom marrom das suas penas confunde os predadores que atacam os seus ninhos, ao perceber o perigo voam e ficam vigiando o ninho de longe, não voltando até que estejam em segurança. O macho possui um canto monótono, repetido continuamente por vários segundos. Reproduzem e povoam com abundância os quintais.
         Nos comedouros com frutas, é muito comum o aparecimento das saíras, de várias cores. Não as conhecia até pouco tempo. São lindas, suas cores são fortes e brilhantes. Apreciam os frutos de palmeiras, goiaba, mamão, ameixa, banana, laranjas, frutos silvestres e insetos. As saíras disputam o comedouro com  as sabiá-laranjeiras. Esta é a ave símbolo do Brasil e foi imortalizada por Gonçalves Dias em “Canção do Exílio”, saudoso do seu gorjeio, segundo o seu poema, o seu canto é brasileiro, tem sentimento da terra amada. Adoram fazer seus ninhos nos vasos de flores nas varandas, protegidas do frio e de águas.
         Nos dias de chuva, o vai e vem dos casais de  João de Barro é algo para ser acompanhado, retomam a  construção da sua casinha. Constroem o ninho e cuidam dos filhotes juntos. A menos que o ninho seja destruído, usam sempre o mesmo. Alguns casais fazem das mangueiras do meu recanto o condomínio das suas construções.
        Também é  comum a visita de picharros, pica-paus, jacus e tucanos. Saio pelo quintal, vagarosamente buscando-os nas árvores, quando escuto o som característico do canto de um deles. Localizo os picapaus pelo martelar cadenciado nos troncos e os picharros pela beleza ímpar do seu cantar tão cobiçado e, por isso mesmo, eles são tristemente aprisionados em gaiolas e traficados por colecionadores de aves.
       Os jacus aparecem ao final da tarde, quietinhos, em busca de frutas silvestres. São robustos e ficam sem movimentar-se até que a gente se afaste, de “jacu do mato” nada têm, são bem espertinhos. Mas, os lindos tucanos, eu espanto logo, pois vem se saciar de filhotinhos nos ninhos.
        Agora, a bagunça toda vem das maritacas, escandalosas, gritam tanto que chega a irritar qualquer ouvido. No final da tarde costumam ficar próximas à janela da sala, então é preciso espantá-las para conseguir concentrar-se numa leitura ou para ver TV. O bando se multiplica rapidamente e de vez em quando aprontam com os fios da internet, da eletricidade e das câmeras. Se não fossem tão bonitinhas  já teriam sido convidadas a mudar de condomínio! Ah! Quando a palmeira jerivá amadurece seus coquinhos, ainda chamam seus parentes periquitos para o banquete!
          O dia termina com a algazarra dos pardais que vão chegando para agasalhar o seu sono no beiral  do telhado da casa. Parecem um bando de crianças brincando num pátio, tal falatório se aquieta assim que a claridade do dia acaba. Dormem e acordam como as galinhas.
        Este é um recanto encantado, paraíso da saúde e da paz, lugarzinho preparado  para o descanso do corpo e para a quietude da alma. Foi plantado o maior número possível de árvores para dar acolhida  à passarada e  o paisagismo emoldurado com o  colorido de múltiplas flores para atrair as borboletas, os colibris  e as abelhas. Preparamos, eu e meu esposo,  o coração para aqui viver e decidimos chamá-lo de “Morada dos Pássaros''!
        Se você também  tem essa paixão pela natureza e pelas aves, você é uma coleirinha especial! É só chegar, será sempre bem vindo!
Estela Maria de Oliveira
Enviado por Estela Maria de Oliveira em 28/10/2023
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