É tão doce e sublime falar de flores. Quem tem o dom e sensibilidade de amá-las sabe do que estou falando; enxergamos os mínimos detalhes e olhe que são milhares deles espalhados pela Natureza, em pequenos espaços próximos de nós.  
      Fui criada na zona rural, educada para ver as mudanças do tempo, através da cor do céu ao escurecer; de perceber as horas através da posição das sombras; de saber a época de colher as frutas pelo tom da cor das cascas; de sentir e nomear os aromas silvestres que perfumam os ares.
      Um olhar educado para enxergar as minúcias do que se apresentava ao meu redor,  e ter a sensibilidade para admirar e  o respeito para deixar cada ser vivo no seu habitat. Assim convivi e aprendi com a Natureza, assim me apaixonei pelas plantas.
      E as flores? Conheço -as, pois sou uma romântica inveterada, apaixonada, sem medidas por elas. Tenho as minhas preferidas, àquelas que encantam o meu olhar, mas consigo ver beleza nas florescências das ervas daninhas, das hortaliças, das árvores.
      Lembro-me com paixão de alguns jardins que embelezaram a minha infância. Não sei de quem eram, nem  quem os cultivava, mas consigo visualizar canteiros com roseiras coloridas, canteiros enormes floridos com margaridas brancas, prontas para serem colhidas na época do Dia de Finados.
       Vejo as floreiras nas janelas da casa de minha mãe, derramando os gerânios multicores, sob os raios de sol que adentram através da romãzeira florida e com frutos carnudos, de dar inveja aos transeuntes da rua. Mudas e mudas se encontram espalhadas pela cidade, pedidas por aqueles que param para admirar as plantas. Os gerânios e o pé de romã são moradores perpétuos do mesmo jardim.
        Apesar de admiradora de todas as flores, tem uma que mora seletivamente no meu coração. Ela pode ser reproduzida por estacas, por sementes e por bulbos. Generosa com a quantidade de flores e de cores, vem ganhando cada vez mais adeptos no seu cultivo, como " flores da infância". Falo das dálias!
         As dálias com suas pétalas dobradas, espevitadas, tons sobre tons, multicores, são mimosas e soberbas. Atraem milhares de cultivadores apaixonados, em feiras preparadas especificamente para elas. Seu mercado cresce através das redes sociais, seja para a venda ou troca de sementes e tubérculos que viajam a quilômetros de distância e se espelham em todo território nacional.
        Quem ama as flores trata-as com carinho e cuidados até bizarros: faz carinho nas folhas, beija as flores, conversa com elas como se fossem humanas;  além de sentir que elas retribuem o afeto na mesma proporção. Tem gente que acha que é loucura. Ah! Se todas as loucuras fossem iguais a essa. É...acho que isso é um dom, e dom vem de Deus!