Parece estranho, mas é isso mesmo. Que fase boa e danada que nos faz namorar, sem medo, tantas coisas. Idade perigosa! Os olhos e o coração despertam para o mundo, enxergando tudo o que promove sensações de prazer e bem estar. Queremos experimentar, viver arroubos inconsequentes. Namoramos com os perigos.
        Os olhos de uma criança inocente e ingênua vão se apagando para nascer o brilho da juventude. Passamos a enxergar o sexo oposto com olhos passarinheiros, vendo beleza até onde não existe, prontos para o ataque e as provocações sensuais. Queremos ser vistos, valorizados, sermos o centro das relações.
      E nessa busca por novas emoções, de auto-afirmação nos grupos de relacionamento, acabamos por viver situações nem tão saudáveis. Nos entregamos por pouco, sofremos menos ainda. Tudo é muito intenso. O bom é que trocamos as paixões  na mesma velocidade que as criamos, sem pensar nas consequências. Novas paqueras, novos olhares para outros focos.
       Nessa velocidade, querendo aproveitar o tempo, muitas vezes transgredimos as regras e as orientações familiares. Nas baladas e programações em grupos entramos em contato com bebidas e drogas e às vezes, para ser aceito pelo grupo acabamos fazendo uso pela primeira vez.
         Ganhamos a liberdade engarupados em motos de amigos, num  arrebatamento que pode acabar com a nossa juventude e a alegria daqueles que amamos. Mas, nada disso é lembrado no momento do prazer. Viver a cada instante é o lema.
        Na mesma intensidade brigamos pelas causas sociais, somos defensores dos mais fracos e oprimidos, brigamos pelo meio ambiente, pelos animais. Não aceitamos injustiça. Somos grupo, temos causas comuns.
        Queremos ter independência, voz ativa, ter direitos, ser donos do próprio nariz. Levantamos a voz e brigamos por isso. Mas somos dependentes dos pais, moramos na mesma casa , vivemos e comemos o que é colocado na mesa por eles. Cuidamos do que é nossa tarefa sob imposição . Em momentos de fragilidade choramos, precisamos de colo!
         Um tempo de contradição. Uma fase entre o calor e o frio das emoções. Paquera sutil, avassaladora, frenesi, descobertas, frustrações, choros e risos. Tempo de vida intensa. Muito parecida nas várias gerações.
       A adolescência é para ser namorada e namoradeira, para ser  seduzida com calma e prazer. Uma pena que passa, é tão rápida. Ficam apenas as histórias para contar num tempo futuro.